No momento em que ela nos sorri
E no qual a alma a concebe
Vagas esperanças se apresentam
E o vislumbre da felicidade nos enternece
O espírito esvoaça cria projetos
Inoculado pelo germe da paixão
E se imagina a bela flor e seu perfume
Que há de germinar deste ínfimo grão
Mas para muitos é um escândalo estarrecedor
A maioria condena e ao mesmo tempo inveja,
Pois isto envolve sedução e fascínio
Que até justificam um pressuposto erro
Pode-se cometer o crime da paixão,
Mas tem de ser um crime perfeito
Algo que não fira a convenções
E por tanto não deixe suspeitos
E na falta de suspeitos condena-se então o amor
Pois as convenções precisam de um desafeto
Para aplacar a sanha invejosa e o horror
Dos convencionais que sufocaram suas paixões
E seguem com seus iguais sofrendo calados
Todos muito dignos... “Dignos de lastima”!
E entre seus iguais mais simpatias inspiram
Pois sabem o quanto é difícil viver sem sonhar
O que é certo nem sempre é o justo, mas
Neste mundo frio, tudo tem que ser calculado
Como se calcula sentimentos e a quem amar?
Se subtraindo a paixão e mantendo os sonhos sufocados.