Histórias, Estórias & Versos

No Galpão

21-12-2010 23:09

 

Fogo de chão e na volta estamos Tinoco, Tarugo, Seu Nico, pai de Tinoco e eu a cuia passa de mão em mão, a prosa é sobre pescaria, Tinoco dedilha o violão.

_O que vamos ter de bóia pra janta? Pergunto eu e seu Nico responde:

_O panelão já ta no fogo, to fazendo um sopão com mandioca e espinhaço de ovelha!

_Não deixa o Tinoco mexe na panela se não ele exagera na pimenta! Tarugo diz, todos rimos e Tinoco fala:

_Vocês é que são uns frouxos! Respondo:

_É, mas tu já andaste te queixando duma certa ardência num determinado lugar!

A gargalhada foi geral, seu Nico levanta-se e vai mexer seu sopão e me pergunta:

_Chove Tchê Loco? Respondo:

_Vai amanhecer batendo água e começa de madrugada.

_Ta certo! Diz ele e completa: O vento ta dizendo: O horizonte ta escuro e o João de barro não cantou, foi isso que tu viu? Respondi:

_Não! Eu vi foi que o burro do Tinoco veio dormir no galpão... Foi mais uma gargalhada geral, olhei pro Tinoco que me encarava mais serio do que um capincho então conclui também rindo:

_Olha lá na baia guri! Vê se o burro não ta lá! Neste momento o animal deu uma zurrada como se tivesse confirmando que lá estava. Tarugo se levanta e vai pra junto do seu Nico e ficam proseando, Tinoco continua a dedilhar o violão, toca um tom que eu conheço então me animo a cantar.

Geada vestiu de noiva

Os galhos da pitangueira

Ainda caso com...

Entretanto neste instante me vem a mente algumas lembranças e eu me calo, meu pensamento se vai longito! Tinoco diz:

_Esqueceu a letra ou o nome da prenda não rima?

_Rima sim senhor, mas não desvirtuemos a obra do autor!

_Tu ta é escondendo o leite! Diz ele e seu Nico fala:

_Meu filho ai coisas que se diz e coisas que sente! Com um olhar agradeci a intervenção oportuna do veterano gaúcho e continuei cantando a canção de Luiz Coronel e Marco Aurélio Vasconcellos

 

Cordas de espinhos”

 

...Ainda caso com Rosa

Caso ela queira ou não queira

Pra domar o meu destino

Comprei um boçal de prata

Nem um pesar me derruba

Esta paixão me arrebata!

 

Acordoei minha viola

Com seis cordas de espinhos

Meu canto tem cor de sangue

Um beijo gosto de vinho!

Fui aprender minha milonga

Nas águas claras da fonte

O canto do Quero, quero

Mais que um aviso é uma ponte!

O canto do Quero, quero!

Mais que um aviso...

É uma ponte!

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