Histórias, Estórias & Versos

Amigas

03-12-2010 21:33

    Raramente saio do trabalho para almoçar geralmente como alguma coisa que trago de casa, ultimamente tem feito muito calor e é estafante sair à rua, mas em uma quarta feira em que o dia estava bem mais ameno resolvi ir almoçar em um clube que fica perto do trabalho onde nas quartas feiras o cardápio do bufê inclui file de peixe a milanesa e eu gosto muito desta iguaria. La chegando me servi e sentei-me em uma mesa perto da janela onde uma brisa me trazia o cheiro e o frescor da chuva. Na mesa ao lado estava sentada uma mulher de cabelos louros, pintados de louro, aparentando uns trinta e poucos anos, olhos negros pele clara do tipo minghon, almoçava tranquilamente percebi que devia ser adepta dos famigerados regimes, pois seu prato era composto de salada. Comecei a degustar meu peixe, mas em seguida minha atenção foi despertada por outra mulher quer chegou à frente da mesa da loura e a chamou pelo nome:
_Mariza!  A outra levantou os olhos do prato abriu um largo sorriso levantou-se e as duas se abraçaram efusivamente, a outra era também do tipo minghon tinha pele e olhos claros, cabelos também claros, mas não louros, devia estar na faixa dos trinta e cinco quarenta anos.

_Lú que saudade há quanto tempo nos víamos?

_Sei lá acho que mais de três anos, você esta esperando alguém?

_Não, Senta ai vamos almoçar juntas e botar as fofocas em dia.

As duas riram sentaram e comeram suas saladas trocando amenidades uma elogiando o porte e cabelo da outra e outras cositas mais, eu devorei meu peixe e voltei ao bufê pra me servir mais, pois estava delicioso, quando voltei as duas já tinham terminado de almoçar e continuavam conversando ouvi quando a tal de Lú perguntou:

_Então amiga como vai à vida? A outra deu um sorriso amarelo suspirou fundo e disse:

_Eu continuo com o dedo podre como fala a *Marilda, como você sabe tenho uma filha daquele traste com quem me casei vivemos junto por pouco mais de cinco anos e depois de muitas brigas ele sumiu, voltei a morar com meus pais, mas você lembra como é lá em casa é briga o tempo todo tanto com o pai quanto com meus irmãos, entretanto dava pra ir levando, eu trabalhando fora passo mais tempo na rua do que em casa e mãe cuidava da minha filha e você sabe como é criança cuidada pela avó, a menina estava ficando uma desenfreada respondona e marota.

Algum tempo atrás conheci um cara que também é separado e começamos a namorar ele passou a frequentar a casa e tomar conhecimento de como eu sou como é a minha gente, logo acabou se envolvendo nos conflitos foi ai que eu decidi que era hora de sair de casa de novo tratei de arrumar lugar para morar e me mudei com a certeza de que ele viria morar comigo... Foi ai que a Lú interveio dizendo:

_Mas você fez tudo isso sem falar com ele? A tal Mariza gesticulando disse:

_Sim eu na minha cabeça não tinha duvidas, mas eu estava redondamente enganada já brigávamos antes, você sabe que meu gênio não é fácil, eu querendo que ele viesse morar comigo que assumisse nosso relacionamento, mas ele acabou me deixando.

Caiu um silencio entre elas até que Lú perguntou:

_Ele tem filhos?

_Sim tem uma filha. Lú continuou:

_Talvez ele ainda esteja envolvido emocionalmente com a ex mulher?

_Não ele esta separado há muito tempo acho que o que ele quer mesmo é galinhar, mas eu não desisti ainda gosto muito dele e sei que ele gosta de mim eu vou continuar tentando, mas chega de falar de mim e você como vai a sua vida? Sem titubear Lú respondeu:

_Também me separei.

_SÉRIO! Disse Mariza com um ar estupefato, deu uma gargalhada e completou:

_Não acredito você!? Lú respondeu

_Pois é você conhece a história toda... _Sim, mas eu jamais acreditei que você o deixaria e sua filha como reagiu?

 _No começo andou um pouco revoltada, mas agora já esta mais calma afinal ela já não é mais criança. Mariza suspirou fundo e disse:

_Eu sempre pensei que você tinha tido filho muito cedo agora vejo que pra você foi melhor, se a minha filha fosse mais velha eu agora estaria mais tranquila, mas me conta o que você esta fazendo?  Lú responde:

_Estou vivendo de novo estou trabalhando estudando cuidando de mim...

_E namorado, nada? _Vai lá conta!? Agora foi a vez da tal de Lú suspirar fundo e dizer:

_Não tenho ninguém, prefiro ficar sozinha pelo menos por enquanto não quero me envolver com ninguém estou adorando ser livre! Mariza com um sorriso debochado disse:

_Ninguém é? Sei... Conta logo! Lú sorriu à amiga há conhecia bem e sabia quando não estava sendo sincera.

_Bem, eu conheci alguém quando ainda estava casada... Marisa riu e disse:

_Sua danadinha! Lú continuou séria.

_Não é nada do que você esta pensando, era só amizade não trai meu marido e eu não o conheço até hoje, no sentido bíblico, mas confesso que me envolvi me apaixonei e depois de algum tempo pensei que tudo aquilo era loucura e me afastei dele, ele me procurou algumas vezes, mas eu disse que não ia abrir mão da minha vida que amava a minha vida ai ele não me procurou mais, porem sempre dava um jeito de se fazer lembrar, era uma mensagem nas datas festivas, do meu aniversário ele nunca esqueceu, mas o que eu queria mesmo era salvar meu casamento e me empenhei nisso, entretanto chegou a um ponto que não deu mais e nos separamos, mas nunca houve qualquer interferência dele ou que ele tenha pesado na minha decisão eu o reencontrei ano passado fazia já dois anos que não nos falávamos, quando me viu não quis falar comigo, mal me respondeu liguei pra ele dizendo que queria ser sua amiga ele disse que não podia ser meu amigo pelo que sentia por mim e que nosso encontro tinha sido uma casualidade já que ele não estava mais morando aqui. Passamos a conversar via telefone e pelo mensager, mas depois de algum tempo eu comecei a ficar incomodada, às vezes parecia um menino às vezes parecia meu pai, pois ele me cobrava atenção queria saber da minha vida, queria me controlar sempre dizendo que me ama e querendo que eu dissesse se também o amava perguntando o que eu queria e eu dizendo que não queria nada porque já tive uma grande desilusão e em verdade amiga ele não é livre e eu não quero ser a “causa”... Lú falou isso fazendo o gesto de entre aspas e continuou:

_Eu não poderia viver com esta culpa e assim sendo tenho evitado falar com ele. Novamente caiu aquele silencio entre elas e foi à vez da tal de Mariza quebrá-lo:

_Você ainda não esqueceu seu ex! Lú sorri e responde

_ Ele diz a mesma coisa, mas não é nada disso eu quero ser livre! Mariza diz:

_Nossa liberdade e direitos termina onde começa a do outro, qualquer relação envolve direitos e deveres, você trabalha tem hora pra entrar expediente a cumprir e horário pra sair e o dia tem vinte e quatro horas com boa vontade dá pra se ter um tempo só pra gente e um tempo para os dois, tudo é uma questão de se estabelecer e respeitar este tempo. Você fala uma coisa e seus olhos dizem outra quando fala nele, acho que você esta aplicando nele a psicologia do reverso você o quer, mas não assume talvez por medo de que a história se repita e assim joga toda responsabilidade pelo que venha a acontecer nos ombros dele e ele não vai tomar qualquer atitude se não tiver plena certeza a seu respeito e você não será a “causa”, minha intuição diz que esta história já acabou, mas ele não parece ser um irresponsável não esta em busca de uma aventura e sem ter uma razão muito forte ele não vai ir contra as instituições e essa razão é a certeza do seu amor então você será a consequência e não o motivo ou causa, entretanto você tem que sair de cima do muro, mas você desde a escola sempre foi assim você nunca age você reage e assim não se sente culpada a culpa sempre é dos outros! Esta afirmação fez Lú corar e num repente ela disse:

_ O que você queria que eu fizesse? Colocasse uma faca no peito dele como você fez? Adiantou alguma coisa você forçar a situação? Novamente aquele silencio, mas agora um silencio ensurdecedor Mariza olha para o teto e Lú deixa escorrer uma lagrima a qual recolhe com a ponta do dedo e em seguida segura a mão da amiga e diz:

_Desculpe,desculpe,desculpe! Mariza sorri e fala:

_Não se desculpe você tem razão eu fui precipitada e prepotente devia ter agido como seu “affair”, cobrado uma posição e não forçando uma situação como eu fiz, devia ter dado tempo ao tempo, mas ainda da tempo se meu amor foi embora ele é livre para ir e se ele não voltar é porque nunca foi meu e no seu caso foi você que voltou e não me venha com essa conversa de só “amigos” que pra mim não cola, devemos aprender com os próprios erros e também com os erros dos outros, hoje aprendi que eu preciso dar mais espaço e você eu espero que tenha aprendido que precisa tomar o seu espaço. Lú sorri e diz:

_Talvez quem sabe? Mariza complementa:

_Quem tem que saber é você!  Neste instante Mariza olha para o relógio e diz:

_Guria do céu tu viu à hora? Já estou atrasada tenho que correr. Lú fala:

_Vou sair com você me da seu celular depois te ligo pra gente se encontrar novamente. As duas saíram apressadas fui até o bufê me servi um cafezinho tomei, paguei e sai à rua ainda vi as duas se despedindo e a tal Lú entrando em um taxi, Mariza seguiu no sentido contrario ao meu, voltei ao trabalho quando cheguei um colega perguntou como tinha sido o almoço respondi que o peixe estava uma delicia como sempre e que com certeza mesmo que eu volte mil vezes o almoço não será igual, pois lá ouvi uma historia de duas grandes amigas uma história parecida a tantas outras, mas que ressaltou o valor de um amigo sincero o valor de uma grande amizade.

*Marilda: Personagem da série a Grande família

 

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