Amanheceu batendo água!
Saltei dos pelegos ao cantar do galo
Chove desde a madrugada
Já tava na lide quando o dia clareou
To de caseiro!
Solito pra cuidar da criação
Mal pisei no terreiro
E a bicharada já reclamou seu quinhão
Com a égua e as vaca não me preocupo
Pois já tão a campo
As ovelhas é melhor deixar na encerra
Não é de facilita com este tempo
Feita a obrigação volto pro galpão
Meu poncho ta ensopado!
Aquento a água, cevo um chimarrão
Um trago de pura pra evitar resfriado
Hoje não ai lide de campo
Por causa do aguaceiro
Ajeito um pelego por banco
Enquanto pito ajeito uns arreios
Como um resto de churrasco de ontem
Estendo o pelego no catre
Lá fora a chuva é constante
Na pasmaceira o sono me invade
Desperto a meia tarde
A chuva la fora amainou
O João de barro canta na arvore
Isto é sinal de tempo bom!
O céu se vai clareando
Pros lados dos castelhanos
Me alembro que andei sonhando
Em devaneios insanos...
Afasto do pensamento
Visto de novo meu poncho
Saio pra ver o tempo
O vento sopra assoviando
Ajeito uma bóia pros cuscos
Ponho um sal no coxo do potreiro
À tarde já esta lusco fusco
Foi chuva o dia inteiro!
O vento vai levando as nuvens
Os últimos raios de sol as perfuram
Ouço a cantiga das rãs no açude
Parecem pedir mais chuva
A noite se vem descambando
Estrelas surgem na imensidão
As nuvens vão se afastando
Manãna vamo te tempo bom!
Poema do livro Anail e Poemas Gaudérios